Sente-se ao meu lado.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Cicatriz

Fostes embora, mesmo sabendo do amor que sentia por ti, saísse sem dizer adeus, utilizastes de mim como objeto, aproveitando a fragilidade dos meus sentimentos.
Mas sua ida não doeu como imaginei que doeria. Meu peito foi forte para suportar a desilusão que me causasse. Todas aquelas palavras doces de carinho que sussurravas em meu ouvido atravessaram sem deixar marcas, porque aprendi que amar é compartilha e junto a ti só entregava meu corpo em troca de nada. Suas palavras secas agora não passam de um eco distante, tão longe que não consigo compreender o que falas. 
A mentira estava desenhada em seus olhos e mesmo assim me ceguei para não perceber  o que fazia comigo, pois o calor do teu corpo me aquecia a ponto de esquecer onde estava.
Pensei que enlouqueceria, mas quando saísses por aquela porta sua presença se esfarelou em mil pedaços e voou pelos ares, e a faca que usasses para ferir meu peito, deixou apenas uma cicatriz.   

Culpados

Quando algo dá errado em nossas vidas, acreditamos que algo está por trás desse acontecimento, há sempre um culpado responsável pelo que está passando.
A culpa principal de tudo que acontece conosco é exclusivamente nossa. Nós somos responsáveis por tudo. Não adianta tentar achar culpados pelos nossos atos. Somos os culpados da situação.
Se vivemos algo ou passamos por um momento ruim, só devemos isso a nós mesmos.
O caminho que seguimos se deve as escolhas que fazemos, ruim ou bom estamos nele porque decidimos segui-lo.
A estrada da vida só possui um final, mas há travessas que interligam a maneira como chegamos lá. 

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Quem sou?

    O escuro esconde o desconhecido e é por isso que o tememos, mas o que está invisível aos nossos olhos é aquilo que escondemos dentro de nós mesmos, fingindo ser o que não somos com medo das expectativas criadas pelos outro.
    Somos reféns do medo. Criaturas que se oprimem e sofrem por não poder mostrar o próprio rosto, pois teme uma tapa. Mas a dor maior não é física, é aquela dor que sentimos dentro do peito.
    Tememos reações, comentários, chacotas, tememos nos mostrar. E ao temermos ser quem realmente somos nos tornamos outras pessoas que talvez não saibamos quem é.
    Perdemos o domínio e acreditamos que aquela forma é a correta de agir, que as pessoas são aquelas que devemos ter. Deixamos de lado nossos desejos por medo de fracassar quando o fracasso maio é não ter tentado. 
    Abrimos nossos olhos a procura do eu que já não existe, passou a ser ele. Aquele que você demonstra aos olhos alheios e que não conhece diante do espelho.
    Uma imagem deformada, desfigurada, desconhecida, um entre tantos que não tentou ser quem queria e acabou sendo dominado pela segurança da normalidade que lhe parecia tão certa.
    Mas o caminho certo às vezes não significa o mais correto a ser seguido, porque no fim de cada caminho certo pode have um abismo sem fim, e ao cair dele nunca mais sairá.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mar

Maré baixa: Vem, mergulha em minhas águas, veja só como eu estou calmo e sereno, não tenha medo, eu sou imenso e te protejo, meu sal não te deixará afundar. Tenho uma coisa pra contar a você, e não consigo confiar em mais ninguém. Cuidado, quando for pisar em minhas águas olhe para o fundo, a areia às vezes pode ser traiçoeira, não quero que se machuque. Refrescante não...Eu tenho medo, todas as noites a lua vem repousar em minhas águas, a paisagem é deslumbrante, chegaria a dizer inacreditável. Eu como bom amigo que sou acalento ela. Mas nunca me lembro do que vem depois, eu durmo, sempre pergunto a ela por que me faz dormir mais ela não me responde, segundos após estou eu me afogando em águas maiores. Águas que parecem não ter fim, fortes e violentas chegam turbulentas. Enfim me afogo. Morri. Penso sempre, tudo fica escuro, mas horas de escuridão se vão após algumas horas, começo a ver a luz, e minhas águas estão novamente tranqüilas e soberanas. Não me deixe só, quero alguém comigo quando a lua chegar.   Lá vem ela, olha, grande e prateada, parece mais bonita hoje, incandescente. Não, não, me deixe sair, quero ver a lua sobre o meu manto azulado, preciso do ar batendo em mim, não, sai daqui,você sai da água, nade, mais rápido, não pare, não olhe pra trás, não.
Maré alta: enfim, cheguei, sempre por cima. O que você ainda faz ai, deveria ter ido embora, não posso te ajudar agora, minhas ondas sempre vão e vem,não podem parar, poderia até jogar você pra fora,  mas você insiste em querer nadar, achando que pode me vencer. Não você não pode. É inútil, já que você permanece, ignorarei você, sou muito maior que você e sua presença é insignificante . O que é isto? Que águas são essas? É preta e fedorenta, está vindo em minha direção,  não venham pra perto de mim, fiquem longe, não vê o meu tamanho, sou muito maior, não tem medo de mim, que coisas traz com você, afaste-se eu ordeno. Misturamos-nos, a água preta se uniu a minha água limpa e azul, junto com ela trouxe coisas sem formas. Sai de perto do golfinho, o deixe em paz, mas aquela coisa sem forma não pareceu me ouvir, comecei a formar ondas mais fortes para quem sabe talvez retira-lo de perto do golfinho e das minhas águas, por mais força que tenha botado não consegui e o golfinho curioso como sempre tentou descobrir o que era. Segundos após ouvi seus gritos de lamento, ninguém mais ouviu só eu, ele se debatia enquanto tentava retirar aquela coisa do seu focinho, agonizava tentando chegar a superfície pra quem sabe pelo menos respirar, deseja aquilo com tanta força da pra ver em seus olhos que brilhavam, dei um empurrãozinho. Não adiantou, o golfinho que tinha seus olhos brilhantes estava agora com olhar mortificado, afundava lentamente em minhas águas , pensei até que minhas águas tivessem ficado maiores com as lágrimas que teria derramado se tivesse olhos. Não, ninguém viu, ninguém ao menos se importa com o que aconteceu.
Maré baixa: Aconteceu de novo. Pra onde você foi? não consigo te ver. O sol está lá em cima você reparou, iluminando tudo aqui em baixo e nos aquecendo de vida. Por que você deixou a lua me levar? Porque você foi embora sem se despedir? Você também me abandonou. Não tem problema pode voltar. Escutou? ... não? Então escute. É o som que vem das minhas águas. Bonito som não acha? Faço isto para que você perceba a vida que há em mim. Eu sim sou repleto de vida. Você não. Mas ainda há uma chance, não era pra ser assim, você deveria ser vida também, vamos tentar? Porque você foge de coisas tão simples? Seria tão bom que você aceitasse tudo que há em sua volta, você perceberia que tudo é vida menos você. É tão difícil assim dizer: “eu te amo” ou quem sabe: “eu gosto de você”. Se você olhasse mais pro chão onde pisa, perceberia que ele está ali para te sustentar, te dar estabilidade, se você se desse conta deste pequeno detalhe não precisaria mais do chão, você flutuaria pelo ar . Não desista ainda, há uma chance de você se tornar vida e não continuar como morte. Viu. Você sorriu. Que bom que consegui tocar nem que seja um pouco em você.  Uma pele macia, lábios vermelhos, tão deslumbrantes, tão mágicos, tão secos. A lua está voltando, não quero ir. Me ajude, não fuja, adeus. 
Maré alta: até que enfim te encontrei.
Maré baixa: quem é você?
Maré alta: Você ainda é novo, não me conhece, mas eu conheço você.
Maré baixa: como você me conhece?
Maré alta: sou a maré alta. Sempre venho te visitar. Venho com minhas águas fortes a sua procura junto com a lua. Mas você sempre dorme não me deixa te ver. Tanta coisa que tenho pra te falar.
Maré baixa: você é quem vem me afogar?
Maré alta: não. Venho te aconselhar. Mas seu medo do meu tamanho faz com que repouse enquanto estou aqui. Hoje você estava tão distraído que nem me pode ver chegar.
Maré baixa: do que você veio me avisar?
Maré alta: deles que sempre estão aqui. Eles não prestam, plantão o mal e a tragédia. Não deve gostar deles.
Maré baixa: não acredito nisso. Vejo eles todas as manhãs, brincam em minhas águas felizes, estão sempre unidos, vêm em grupo, em família.
Maré alta: vêm nos destruir como fazem com tudo que tocam. Não respeitam nada, você bondoso não vê. Eles jogam coisas em nós e não ligam pro que venha a acontecer depois.
Maré baixa: que coisas?
Maré alta: enchem nossas águas de morte. Eles que deveriam morrer.
Maré baixa: do que você está falando? O que você vai fazer?
Maré alta: algo que já devia ter feito há muito tempo. Sou maior e mais forte, tenho como destruí-los. Não merecem nossa compaixão. São desonestos e corruptíveis, não tem sequer amor próprio.
Maré baixa: não faça isso. Dê-lhes uma chance.
Maré alta: já dei chances demais.
Maré baixa: Não... um barulho estridente ecoava por todos os lugares, de repente o silêncio...maremoto, tremor do mar, invasão furiosa das águas do mar sobre a terra. Furioso. Ele estava furioso. Não agüentava mais aquela situação. Ele voou com seus braços sobre a terra engolindo tudo que se opunha. Pare. Não quero ouvir. Gritos de desespero pareciam não parar. Uma agonia sem fim causada pela apnéia, o ar faltava aos pulmões de quem permanecia embaixo d’agua. Eu queria puder ajudar, mas fui absorvido por aquela que parecia, não, parecia não, era a onda mais alta e mais longa que já tinha visto. Não houve pedras ou concreto que a detivessem. Parou. Alguns instantes se passaram, ele retornava ao seu lugar de origem, estava novamente ao meu lado.  Você não se arrepende disso. Não sente remorso.
Maré alta: De que eu teria remorso. Apenas devolvi tudo àquilo que não era meu. O que eu fiz não serve de nada, a não ser limpar minhas águas.  Amanhã eles voltam e fazem tudo de novo, normalmente, como se nada tivesse acontecido.
Maré baixa: você poderia dar a eles pelo menos uma chance. Tenho certeza que fundo de cada um ainda existe o amor. O amor que faz todas as coisas serem boas.
Maré alta: queria poder acreditar em você, mas eles não têm amor nem por eles mesmos, quem dirá pelos outros. Já acreditei nos humanos mas eles provaram que não merecem minha confiança.
Maré baixa: não se entregue ainda, juntos somos imensos e poderemos convencê-los do melhor .
Maré alta: um dia encontrei com um tubarão, ele me disse que estava faminto a procura de comida, os peixes não são fartos como antigamente. Ele nadou quilômetros a procura de um peixe ou uma foca pra se alimentar até que chegou a praia, vários humanos tomavam banho e poluíam como sempre a areai e as águas com sujeira. O tubarão como nunca tinha ido tão perto da terra não sabia o que era aquilo nadando nas ondas, pesou ser uma foca e decidiu caçar. O banhista com uma espécie de prancha começou a nadar incessantemente para fugir do tubarão quando o viu, mas não conseguiu ser mais veloz, Nãooooo. Minhas águas limpas e azuis agora estavam vermelhas, vermelhas do sangue que havia sido derramado com o ataque do tubarão, ele não fez por mal apenas queria se alimentar, mesmo assim ele não pode comer, ao sentir o gosto deixou aquela carne a deriva, parecia podre, mesmo viva a carne parecia estar podre, podre por dentro e por fora, podre pela mania de grandeza que teima e permanece nos humanos e a qual não posso entender, uma mania de sempre querer estar por cima de tudo,ser maior, sem limites, sem pena, sem amor.

Fim

Busca incessante

        Buscamos todos os dias descobrir quem somos na realidade, as perguntas, os questionamentos, as dúvidas, mas o que a maioria das pessoas não sabem é que essa busca nos torna vivos. É a busca de novos conhecimentos que nos faz viver. 
       Quando achamos que nossa vida está completa, na realidade você se adaptou a uma rotina que lhe parece perfeita e que infelizmente lhe transforma numa marionete de atitudes previsíveis.
       Porque quando se deixa de adquirir conhecimentos, sua vida não tem mais sentido, de que adianta viver se não há mais nada no mundo que você possa aprender, tudo já chegou ao alcance das suas mãos, tudo lhe parece fútil e indispensável. 
       Nossas mãos sempre devem estar abertas para carregar algo a mais com elas, nossos potes nunca podem completar o limite de suas bordas, porque no fundo estamos sempre vazios. E algum momento você por mais companhia ou conhecimento que tenha sentirá falta de alguém ou algo. E se nada for feito a unica companhia que você terá será da solidão que lhe acompanha a todo instante como um amigo fiel que nunca o abandona, mas não contribuirá com sua existência.


-Pense nisso.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sem sentidos

       Incomoda minha visão, me cega, impedes que veja a verdade, omites aquilo que não conhece, pois teme a sabedoria, desiste de optar entre dois caminhos para caminhar sem rumo fora da estrada, numa trilha desconhecida preferindo ser cego a ver a verdade.
      Sensação. leve toque sobre a pela macia, expiração dos meus sentidos, aguça minha criatividade, despertam meu desejo. Um simples toque na pele intocável que não pode ser contaminada com as mãos sujas e podres com essas mãos sujas e podres. 
      Escutar não posso. Ser surdo a gritos de dor e lamento, evitar ecos e sussurros, sem saber com que Frequência a torneira pinga cada gota de água na pia, sem ouvir o tic tac do relógio, sem sem escutar a melodia da canção, evitando ao máximo os chamados de socorro.

Espelhos

         Aqui dentro as coisas são diferentes, posso ver a verdadeira imagem que se forma no espelho. Porque o reflexo é apenas uma ilusão.
         Uma ilusão que os olhos acreditam ser verdade, mas que não passa de uma mentira, uma máscara que atrai os olhos e engana o coração. 

Feridas incuráveis

        O sangue que escorre dos meus pulsos não me faz mais sentir dor, porque não há mais o que sentir, pois você me deixou seco, e a unica coisa que existe aqui dentro é um buraco, um vazio interminável, um nada que sem valor algum definha a procura de salvação e só enxerga a dor.
        Um sangue que tenta lavar a alma perdida, numa esperança tola de recuperá-la, mas essa alma não pode ser achada, pois se perdeu em algum lugar e não soube voltar, e o sangue lava apenas o corpo, que sem alma espera sua morte.

Saiba esperar

Esperar é uma dádiva. Não são todos que possuem o dom de permanecer paciente diante de tal situação.
O leão só devora a presa por esse motivo. Ele sabe qual o momento certo de agir e assim não morrer de fome.
Tudo depende do tempo certo, não da velocidade com que acontece.

-Pense nisso.